O primeiro beijo é a tréplica. O quarto, na cama, dura um tempo.
Elena chega ao Pulp Fiction às três e meia.
Joel e Meg trepam loucos da manga-rosa. Há três anos ele repousa na represa Billings.
Estação Tucuruvi.
Sábado, 15:30. Tédio no vagão do metrô. Um negro aproxima-se: ele fede. Flávia não resiste e cruza suas roliças pernas brancas ao encará-lo.
Estação Tucuruvi: ele desce, ela o segue à Menino Jesus. No vazio da nave ela treme e umedece. Tirando a calcinha, caminha ao altar. Júlio reza, está desempregado. Flávia murmura a Júlio: “venha!”. Ele a acompanha até uma coluna do centro — à esquerda da saída. Flávia levanta o vestido à altura da cintura. Ajoelha-se aberta.
Casaram-se naquele templo ontem.
Tia Bebel.
Acácio, 19 anos, está prestes a ser linchado por populares. Matou a família: pai, mãe, três irmãos mais novos e a prima de dois anos. Não há escapatória possível. Duas pauladas já o acertaram. Seu rosto sangra.
Ontem Izabel, sua única tia, deixou Camila na casa dos pais de Acácio. Ao passar pelo quarto de Acácio entrou. Deitou-se em sua cama. Baixou seus shorts. Fez-lhe a felação.
Desde os três anos Acácio padecera com isso.
O depoimento da Gabi.
—Quem vai pro aniversário do BanBan?
—Todo mundo: haverá balas e doces!
—Ai rapeize, vamos pro BanBan!
Treze horas de van até o sítio do BanBan, em Caçador — Santa Catarina. No caminho rolou de tudo. Eram cinco mulheres e quatro homens. O motorista, dos pampa, transou comigo umas três vezes, quando o Armandinho dirigia a van. Chegamos às onze da noite. Tudo apagado no sítio. Entramos em silêncio. Assustamo-nos pela surpresa do acender das luzes e da cantoria: “hoje é o aniversário do BanBan...BanBan, BanBan, BanBan!”. Grandes mesas e gente alucinadíssima. Só faltou o lunático Syd Barret sobre a grama repetindo I see the dark side of the moon.
“Na van tem mais munição pra 'Rave do Ano'” — disse o Klabin.
Quatro horas depois anunciaram o beijo nas bandejas.
Beijo nas bandejas? O que seria o “beijo nas bandejas”? Eu nada sabia de “beijo nas bandejas”!
Nove bandejas cobertas com panos de prato bordados foram postas na maior das tables: ao ar livre, sob um luão medonho. Formou-se uma fila para beijá-las. Como eu estava chapada, fiquei a um quilômetro de distância, esperando a vez. Custei a entender que nas bandejas estavam oito cabeças de famiares do BanBan. A nona era do gaúcho.
Sorbeli.
Jardim de Alá: Cruzada. Jorginho leva Ana para pegar a muca. Tudo combinado. Nada falhara em dois anos.
—Cadê o Marcelão seu Antonio?
—Tá aqui! Sobe maluco!
Jorginho vai de escadaria. Elevador na Cruzada? Quarto andar.
—E aí seu Antonio? Tudo na paz?
—Na paz o caralho! Filho da puta!
Quinze minutos de silêncio. Ana corre à Lagoa. Deu merda.
Ana Maria Sorbeli. 16 anos. Amanheceu pela metade na draga do Leblon. Direção contrária.
Shimeji.
Liberdade. Ken serve teriaki de frango ao casal japonês. Henrique espia Ken. Ronaldo acompanha Henrique no almoço. Não conhecia o bairro nipônico.
Terça vazia. Ken segue o corredor em direção à cozinha.
Aiko atende Ronaldo e Henrique. Salmão com shimeji.
Henrique vai ao toilette.
Doze minutos. Henrique retorna suado. Sorriso cínico.
—Que houve?
—Enrabei o Ken!
—Quem?
The Hunger
—Cismou por quê? Tá batom?
—Sem deboche. Linda!
—Beijo!
Melissinha se foi. Eterna lady.
The Hunger 02
Raquel é da noite. Diego não.
O brejo é imaculado.
Diego se encanta. Faz bobagem e mais bobagem.
Raquel pressente a cagada.
Senta o irmão à mesa de Rosana — pedagoga.
Pelo tête-à-tête com Raquel, Rosana joga um roast beef nos peitos de Diego.
Por um triz.
Olha! uma miniaturista!!
ResponderExcluirParabéns pelos textos Amira...
ResponderExcluirMaluquinha, maluquinha, maluquinha!
ResponderExcluirVocê pode me dar o seu e-mail? Quero conhecer melhor os seus textos. Você tá em Sampa?