terça-feira, 22 de dezembro de 2009

DIVULGAÇÃO: e-mail enviado pelo CiVViva.

A presidente do CiVViva — Cidade Velha-Cidade Viva —, senhora Dulce Rosa de Bacelar Rocque, nos enviou e-mail em resposta a postagem Belém do Pará: o escambau ilustrado.
O postaremos na íntegra, contudo, observamos aos leitores que são circunstâncias distintas tanto pela cultura dos bairros, quanto pela opinião de seus autores.
Acreditamos que os setores da Cidade devam ser respeitados por suas vocações e tipicidades, mesmo que tenhamos tanto em comum: a irresponsabilidade do poder constituído.
Amanhecer num bar sem algazarras é tanto liberdade para quem quer beber e papear, quanto para os vizinhos que precisam dormir; ambos em ambientes diversos e seguros.
Os proprietários devem gozar de autonomia para ditar as regras de seus estabelecimentos comerciais, em concordância com o bom senso e na intenção de melhor servir.
Cada qual procure seu nicho de acordo com o perfil do oferecimento; afinal, todo produto tem seu consumidor.
A ditadura do NÃO PODE encobre a incompetência GOVERNAMENTAL e faz da Polícia Militar do Estado mera capanga dos donos dos botecos: fechá-los, em troca da "merenda", é mais importante que manter a ordem na Cidade — ato que dá trabalho e tem custos.
Já de dia Belém é uma vagabunda mal amada dos fios do cabelo às unhas dos pés: precisa ela de banho; café da manhã; merenda das nove; almoço; açaí com tapioquinha das três da tarde; ceia das seis e meia da noite para, depois de banhar-se, rezar e "mimi" em paz; sem a histeria da angústia!
Ou seja: a nossa Cidade precisa mesmo é de um "macho escroto cheio de amor pra dar*"!
*Referência a frase utilizada pelas mulheres; as patifas, claro; na  década de 1990.
Abaixo da ilustração o texto da Dulce Rosa:


Colagem digital: HB.
"Amigo,
acabei de ler o teu artigo sobre o "escambau Ilustrado".
As vezes me sinto só ao denunciar o que não vai bem em Belém, portanto foi um prazer ler tua denuncia.
Aqui vai a ultima que produzi.
Abraços,
DR

Amigos.
Me permitam, antes de desejar Boas Festas, fazer algumas considerações.
Todos nós, brasileiros, por um motivo ou por outro, transgredimos. Cada dia mais esse comportamento se fortalece entre nós. “È o efeito da impunidade sobre a conduta dos cidadãos”.
Estudiosos não se cansam de repetir que “a corrupção e a sensação de impunidade tem contaminado o próprio atuar da sociedade civil organizada” fazendo com que “as pessoas condenem os maus políticos mas ajam, no dia-a-dia, menosprezando valores como a ética e a honestidade.”
Antropólogos dizem que existe “a idéia culturalmente aceita, embora em revisão, de que certas pessoas tudo podem. De que existe mesmo gente isenta de cumprir com a lei...”.
Para fortalecer essas opiniões temos um exemplo concreto: a Serenata do Carmo. Em todas as três edições de tal evento, foram ignoradas várias leis. Pedido de providências foram feitos a vários órgãos públicos competentes sobre tais fatos, sem algum resultado concreto.
Essa impunidade em que resultou? Essa permissividade a que levou? O mau exemplo dado, principalmente com a musica alta até de madrugada (ignorando os cidadãos que moram nas redondezas) levou os bares daquela área (da Siqueira Mendes até o Beco do Carmo) a se sentirem com o mesmo direito. Hoje a musica alta até de manhã, impede a missa na Igreja do Carmo, depois de ter impedido o sono dos moradores da praça e do Beco do Carmo.... e nenhum orgão público fez nada mesmo se solicitados.
Tem razão quem diz que o grande empecilho nesta nossa democracia é “a própria estrutura da nossa sociedade, onde ainda tem muito peso o 'jeitinho' e a 'malandragem', ou o fato de determinadas pessoas terem, na prática, mais direitos que as demais.”
A lei, é um brinquedo de papel e não vale para todos!!!!!!
Vocês me desculpem se me admiro de comportamento tão cinico. De um lado orgãos públicos que não fazem respeitar as leis de própria competência e de outro, a total ignorância do nosso povo relativamente a seus direitos. Para onde correr quando quem deve dar o exemplo se comporta demagogicamente dançando com o povão em praça pública?
Estou tocando com mãos a total falta de conhecimento sobre o valor da "cidadania". Aqui não somos cidadãos somos "massa, vil e ignara". E permitimos que nos usem assim. Vemos os absurdos e o que fazemos? Participamos, calamos...Isso se chama comodismo, preguiça, ignorância ou...conivência?
Um ano atras estavamos indignados pelo assassinato do Dr. Salvador. Estes dias, outros militares e delinquentes foram assassinados e parece que nem são gente. Foram juntar-se aos milhares que morreram este ano sem que ninguem tenha movido um dedo que fosse para mudar essa realidade.So vimos publicidade enganosa.
Um ano se passou daquele fato e não vemos ninguem se indignar mais ou utilizar este periodo para denunciar que nada mudou, aliás, piorou. Naquele fim de ano desejamos a todos que este ano fosse melhor, porém, vimos que não foi.... e ninguém faz ao menos um balanço que seja. Estão todos ocupados a fazer compras pro Natal.
Esquecemos com facilidade. Transgredimos tranquilamente e ainda nos admiramos se alguem insiste em reclamar. A nossa superficialidade é inaudita o que leva a uma total incoerência.
Certo que uma morte é mais importante do que musica alta, mas em ambos os casos, que providencias foram tomadas? Nenhuma. Não são resolvidos problemas graves (saude, educação,...) nem problemas mais simples.
Se não nos conscientizarmos sobre o valor do "cidadão', vamos continuar a dar murro em ponta de faca, alíás, "vou" continuar a fazer a D.Quixote...lutando contra todos esses moinhos de vento sem obter algum resultado.
Começo a pensar que o Brasil está bem assim pra os brasileiros: a errada sou eu.
Desejo que no Natal do ano que vem estejamos vivos para contar menos mortos.
Em amizade
Dulce Rosa de Bacelar Rocque
Presidente CiVViva
“Somos responsáveis por aquilo que fazemos, o que não fazemos e o que impedimos de fazer”, Albert Camus.

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