quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Escritora paraense no CRONÓPIOS.

A escritora paraense Maria Stella Facióla Pessôa Guimarães estreou no portal CRONÓPIOS (http://www.cronopios.com.br/site/default.asp), cult da vanguarda literária paulistana. Conhecida em Belém como Stella Pessôa, a premiada autora de nome comprido, assina, no site, Stella Guimarães.
Sugerimos a ela que solicitasse correção aos editores senão, daqui a pouco, a chamarão de Stella Hayworth.
Segue o conto publicado em CRONÓPIOS com diagramação e ilustração desiguais à daquela conceituada página da Web — o link, abaixo do texto, levará direto os ledores a prestigiar uma apresentação profissional e o currículo da contista e, também, acessar o BLOG DO TEXTO (dela) (http://www.cronopios.com.br/blogdotexto/blog.asp?id=3748):

VOZ SENSUAL

“Mas bem que nós fomos muito felizes
Só durante o prelúdio
Gargalhadas e lágrimas
Até irmos pra o estúdio
Mas na hora da cama nada pintou direito.”
(Eclipse oculto / Caetano Veloso)

Sexo, para Luís, precisava de imagem. Fantasias sexuais! Era assim, fantasioso, quando ele estava acompanhado. Também era assim quando ele, entre vaso e azulejos, sozinho fazia medrar sua volúpia. Até o ápice. A fantasia não deixava Luís. Até o gozo.
Sempre o mesmo excitante: Gilda. “There never was a woman like Gilda!”.
Luís ao lado de Sílvia, Luís ao lado de Júlia Maria, Luís ao lado de Carla, Luís ao lado de Vitória, Luís ao lado de Madalena... Ou no papel de onanista, a engendrar com primor o atrito mais alucinante. Em qualquer ocasião, a vida toda, na cabeça de Luís só havia o strip-tease da ondulante Gilda — o lento deslize da luva negra, o colo descoberto pelo decote, o pêlo e o contrapelo, o fecho da cena com “I’m not very good at zippers” e, muito mais que tudo isso, a voz sedutora de “Put the blame on Mame, boys! / Put de blame on Mame!”. E prazer... E deleite...
Aos vinte anos, Luís amou Gilda. Aos trinta, Gilda. Aos quarenta e cinqüenta, Gilda. Luís não se casou. Nada fixo. Queria liberdade. Não queria filhos. De jeito nenhum. Trocava ambientes, luzes, parceiras, cúmplices, situações e circunstâncias. Variava e alternava na prática. Com esmero, alternava e variava o palco, no corpo a corpo ou na solidão dos interlúdios. Mas havia uma espécie de fidelidade de Luís — da imaginação de Luís — à personagem cinematográfica de Rita Hayworth embalada por “Put the blame on Mame, boys! / Put de blame on Mame!”.
Um dia, pela manhã, Luís leu nos jornais:
—Respeitados pesquisadores e cientistas da Universidade do Estado de Nova York desenvolveram abrangedora experiência e acabam de concluir desses estudos que a voz da mulher fica mais atraente exatamente quando ela está no auge do período fértil.
Luís ficou penseroso e murmurou com os seus botões:
—Bela voz? Voz sensual! “Put the blame on Mame, boys! / Put de blame on Mame!”. Gorjeio mais sexy no período fértil? Filhos? Nem pensar...
À noite, o interfone tilinta. Vera sobe. Vera chega. Para Luís, é Gilda — à vera.
Champagne, cristal, porcelana, prata, frios, espelhos, linho, abat-jour, coxins. Vera — ou Gilda — e Luís. Toques. Nudez. Cheiros. Resvalos. Descobertas. Sussurros. Arrepios. Preliminares. Quase... Em transe, Luís ouve a fantasia do apelo sensual: “Put the blame on Mame, boys! / Put de blame on Mame!”. Quase... Quase... A pino. Mas, na hora a pino, como uma assombração, a notícia do jornal usurpa o devaneio de Luís e queda sua libido. Malogro.
(
http://www.cronopios.com.br/site/prosa.asp?id=3748)
BLOG HB
Apostamos no blog da Stella Pessôa: ainda em experimentação, mas já linkado no HB.
Ela, atenta, vez por outra conserta uns tantos vacilos de escrita por aqui.

Um comentário:

  1. Caracas velho bala esta escritoraaa é muito doida ...faz alguma onda com ela na ufpa .

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