quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Em defesa da obra de Osmar Pinheiro Júnior:

Osmar Pinheiro de Souza Júnior, falecido em 20 de agosto de 2006.
Foto: Patrick Pardini (?)
Circula pela Internet um "e-mail manifesto" sobre a destruição de um painel idealizado em 1985 pelo artista plástico paraense Osmar Pinheiro de Souza Júnior, localizado na esquina da Boulevard Castilhos França com a Avenida Portugal.
Tal pintura seguira uma tendência mundial disseminada em algumas capitais brasileiras que aproveitavam espaços públicos, como muros e paredes cegas, para veicular a produção plástica dos seus.
Ormarzinho colecionava prêmios nacionais e internacionais: uma rara celebridade belenense em sua área de atuação; o que o credenciava ao trabalho autoral à coletividade.
Nesse período o prefeito da capital paraense era o médico Almir Gabriel, um dos fundadores do PSDB — Partido da Social Democracia Brasileira — em 1988.
A atitude maquiavélica do PT — Partido dos Trabalhadores —, ora em situação no Estado, não é a primeira contra o artista falecido em 2006; retiraram de cirlulação uma logo por ele criada para a SECULT — Secretaria de Estado de Cultura.
O estranho é que o atual secretário de cultura do governo PT, Edilson Moura da Silva, é graduado em Educação Artística — Habilitação em Artes Plásticas — e deve ter sido aluno de Osmar, titular da cadeira de Pintura daquele curso da UFPA, antes de Emmanuel Nassar.
Outra represália à obra de Osmar foi protagonizada por Edmilson Rodrigues quando prefeito e do PT: a demolição da escultura "Velames", elaborada pelo artista para o complexo Ver-o-peso, junto com a intervenção pictórica em questão. 
Como ninguém atira em cadáver há muito sepultado, está claro que o PT quer atingir, de revestrés, o arquiteto Paulo Chaves Fernandes, amigo de Osmar e projetista do xodó do partido: o HANGAR.
O PT comprova que a única estrela que possui é a da sua bandeira encarnada, não abrindo espaço para arte assinada por nativos; nem promovendo certames que incentivem a produção cultural local.
O tal "presente para Belém" (uma pérola do argumento desequilibrado) será um outro painel, dessa vez executado por um grafiteiro paulistano da moda chamado Eduardo Kobra, representando uma vista em perspectiva (dita 3D) da rua Conselheiro João Alfredo; essa "novidade" superporá a imagem de Osmarzinho.
Entenderia a serpente forasteira da cultura paraura?
Substituiremos carimbó por hip hop? 
Pai d'égua: vai ver o sampático comeu alguma petista poderosa acometida de complexo de inferioridade "na seca" (ou ato heroico semelhante).
Duciomar, nessas horas, faz absoluta questão de ser o FANTOCHE!

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Segue o "e-mail manifesto" na íntegra, inclusive com as assinaturas de adesão até o recebimento; é um assunto que deveria decolar como DENÚNCIA em todos os meios de comunicação:

"Presente de grego
Os dirigentes do Centro de Convenções de Belém – Hangar, sob o pretexto de dar um presente à cidade, cometeram um crime de lesa pátria.
De forma articulada e na calada da noite planejaram destruir – como, de fato, destruíram – um patrimônio cultural de todos os paraenses: o painel pintado, em 1985, na esquina do Boulevard Castilhos França com Avenida Portugal, na virada do Ver-o-Peso, inspirado em desenho do artista plástico Osmar Pinheiro de Souza Júnior, já falecido.
O painel, hoje apagado e destruído, foi aprovado no projeto urbanístico do Ver-o-Peso e, antes de executado, foi submetido ao Instituto de Patrimônio Histórico – IPHAN.
Vieram técnicos até aqui para autorizar.
O então presidente da República José Sarney veio legitimar todos esses elementos. Ele pode não ter uma biografia honrada, mas era o presidente de direito.
O painel foi pintado para uma prefeitura legitimamente constituida à época, que pagou, desde a concepção até a execução, com dinheiro público, nosso dinheiro.
Agora vem o próprio orgão (Iphan) dizer que o painel não tem valor histórico. O que é esse valor histórico? Os documentos dessa aprovação devem estar nos arquivos deles (se não deram fim).
Que legitimidade cultural tem os dirigentes do Hangar e do Iphan, pra decidir sobre esse tal "presente"? Isso é o Pará, Belém... No que tange a área cultural está eivado de gente ruim. A cada dia é mais triste. Patético.
Prova de que são da mesma cepa dos dirigentes que autorizaram, em outras épocas, a destruição do nosso patrimônio por motivação política ou outras ainda não muito claras.
Não está em jogo aqui, gostar ou não gostar das intervenções urbanas do artista plástico Osmar Pinheiro Júnior. Elas tem (ou tinham) autoria. Estão (ou estavam) todas assinadas. Resta esperar que retirem a escultura do pier das onze janelas, o painel da capela do São José Liberto, a escultura em homenagem ao Garpar Viana. Isso pra ficar só no desrespeito ao Osmar.
É necessário reagir contra esses atos criminosos praticados contra a cultura e o patrimônio histórico de Belém.
Destruíram mais um patrimônio do Pará.
Assine esse manifesto e diga NÃO a esses crimes praticados pelas “autoridades” do Hangar.

Paulo de Araújo Marques
Flávio de Almeida Gomes
Maurício de Azevedo Rocha
Gersina Costa
Maria Regina Cardoso da Paz
Márcio Almeida Castro.
Patrícia Segtowich.
Mauro Lopes
Garcia Bastos Júnior
Alfredo Campos Boulhosa
Dulce Rosa de Bacelar Rocque
José Mario da Costa Silva
Jorge Leal Eiró da Silva - CPF 116576692-20"

(E-mail repassado por Jorge Eiró.)

Fotografias ampliáveis retiradas do blog Espaço Aberto que bem ilustram o e-mail.
Acima: como abandonaram a obra do Osmarzinho; abaixo: o aparelhamento das paredes e o início da grafitagem da "jibóia desvairada" — recursos gráficos inimagináveis na década de 1980.

Postscriptum:
Não temos certeza se a foto, digitalizada do Jornal do Museu da UFPA, é de autoria do Patrick Pardini; a menor tem o crédito do jornal O Liberal para Mário Barbosa.

Postscriptum 02:
O texto "Território Perigoso", de Casimiro Xavier de Mendonça, publicado na revista Veja de 24 de julho de 1985, fala sobre a tendência dos monumentais painéis como arte pública — desconsiderando, claro, a tecnologia que não existia até então.
O trabalho de Osmar Pinheiro de Souza Júnior não alcançara essa mega-dimensão, estava dentro dos limites estabelecidos pela série Tapumes — obras grandes em papel craft, tal qual ditava o movimento Geração 80 — e tinha pleno controle, tanto plástico quanto pictórico, de sua feitura pelo artista:


Postscriptum 03 (02/02/2010):
Ronaldo Moraes Rêgo nos chamou a atenção ao equivo informativo: "...e deve ter sido aluno de Osmar, titular da cadeira de Pintura daquele curso da UFPA, antes de Ronaldo Moraes Rêgo.".
O termo "titular" não era (e não é) o oficial adotado pela UFPA; mas entre nós, já que o professor era responsável pela disciplina — aqui nominada "cadeira", sinônimo de "cátedra", extintas com o surgumento dos departamentos didáticos-científico.
A substituição de Osmar Pinheiro na "...cadeira de Pintura..." deu-se por Emmanuel Nassar e não por Ronaldo Moraes Rego; esse, à época, "titular" da "cadeira" de Gravura: Xilo e Calco, substituiu Emmanuel Nassar em Pintura  — faremos a devida correção no corpo da postagem. 

2 comentários:

  1. Foi uma grande falta derespeito com o nosso artista e com a cidade.Belém não merece.O Pará não merece.E o mais engraçado um "jornalista",entre aspas mesmo,em sua coluna dominical chamou o Osmarzinho de puxa saco.O que falta é educação e cultura.

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  2. CONVIVI COM OSMAR EM BELEM FOTOGRAFANDO A SUA PRIMEIRA OBRA.(MAOS E CABEÇAS EMBALADAS PARA CONSUMO), NA EPOCA ACHEI MUITO ESTRANHO.ELE ME EMPRESTOU UMA FILMADORA BEULIER. GRANDE PESSOA.
    CARLOS WEICK

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