Foto de junho de 2007, ampliável: o laranja patinado vibra e invade o ambiente dando robustez desnecessária às vigas e aos pilares. Até as bandeirinhas de São João perdem a guerra para o "amarelão".
Fotos de ontem (celular), ampliáveis: revigoração a um passo do acerto: o neve, apesar da neutralidade, também superdimensiona os elementos executados em concreto, acanhando ainda mais a madeira escurecida no tempo pelo acúmulo de vernizes.
Ontem, quinta-feira 14, observamos que o Restaurante Central do clube Assembléia Paraense passa por uma silenciosa revitalização: a pintura de seu arcabouço interno, em concreto.
Impossível entender o porquê de um "concreto oculto", "patinado" em tom alaranjado — precisamente na "cor de burro quando foge".
A superfície primordial, como matéria, contrastaria com o farto madeirame (lamentavelmente escurecido por demãos de verniz), evidenciando a harmonia entre duas tecnologias da construção civil.
Qual fora a concepção do mestre-arquiteto Milton Monte?
Sem dúvida o retorno ao original é a opção da sensatez — não importa qual o seja, diante da "assinatura" autenticada, qualquer bico se cala.
Ainda há tempo a essa providência, sem maiores prejuízos.
Não ocorreu problema semelhante no Complexo Garagem porque as cores utilizadas foram as da identidade visual da agremiação (republican colors*), além de um "cálculo" compositivo e o fato de serem "volumes" externos inter-relacionados — mesmo assim, sua manutenção periódica será fundamental.
Trabalhar com cor está longe de tarefa banal: cor enjoa e prega peças.
Não é à toa que os automóveis mais vendidos no mundo são o prata (25%), o preto (23%), o branco (16%) e o cinza (13%); segundo pesquisa recente da DU PONT.
O branco neve ora aplicado no Central como revestimento definitivo ou aparelho tem alta radiação, fazendo com que pilares e vigas continuem a "relinchar", mesmo que relativamente risonhos; o preto pleno minguaria aquela estrutura, impedindo, pela ausência de contraste, a percepção dos encaixes; então, sobra-nos raciocinar a intermediação, os meios-tons em cinza; justamente a "cor" do concreto, que resinado prateia-se — sem olvidar o clareamento das peças de pau, imprescindível.
Solução miserável sem personalidade textural: CINZA CONCRETO (na tonalidade das pedras vistas na primeira foto).
Solução com custo-benefício, s.m.j. do Monte: REMOVEDOR e RESINA — extensivos, de cara, ao madeiramento.
O sentido é estar longe de um burro no instante em que ele foge, não de conhecer o seu coice.
Se o branco afugentar o bronco todos ficaremos à (e de boa) vontade.
Pesquisa da DU PONT de 2009: preferência global na pintura de automóveis. Se analisados os resultados por continentes e/ou países observa-se que a "simpatia" pelas cores primárias e secundárias tem relações culturais.
*Cores republicanas: França, Estados Unidos, Pará, Pará Clube, AP, etc. têm em suas bandeiras o branco, o azul e o vermelho.
Postscriptum (18/01/2010):
Foi apenas um alarme falso o que chamamos de revitalização do Central.
Ontem, domingo, percebemos que era tão somente um reparo à pátina alaranjada — o branco era mesmo aparelho e não revestimento novo.
Em observação acurada e diurna vê-se que, em alguma manutenção do passado, as madeiras da cobertura daquele restaurante foram pintadas com marrom — é tinta e não verniz, como disséramos —; portanto, a expressividade desse material está encoberta.
Poderiam ter pintado de azul (cobalto), o complementar daquele laraja, faria mais sentido.
Marron não tem complemento, porque, como diria o mestre Rui Meira: "não é cor, é sujeira!".
Para que não digam que o Blog só critica, aqui vai uma sugestão à Diretoria de Patrimônio e ao Presidente do Clube: aumentem o número de telhas de vidro nos lugares determinados como "claraboias", além de iluminar o ambiente durante o dia, melhor se perceberá a estrutura do telhado.