terça-feira, 14 de julho de 2009

UFPA: Museologia expulsará Música do Campus do Guamá.

A Graduação em Música da Universidade Federal do Pará, a contragosto, está prestes a ter outro endereço que não o Campus Universitário do Guamá. Ora habitando a ala oeste do prédio do Ateliê de Arte, o curso superior de Música é o resultado do UPGRADE dado à licenciatura em Educação Artística — Habilitação em Música —, que este ano atingiu sua maioridade (é de 1991), talvez a “melhor justificativa” à “expulsão de casa”, já que possui tempo suficiente para “andar com as próprias pernas”.
A construção do prédio do Ateliê de Arte foi uma conquista do Centro de Letras e Artes que encontrou apoio político-administrativo na gestão Marcos Ximenes/Zélia Amador, reitor e vice, no período compreendido entre julhos de 1993 e 1997.
O Ateliê de Arte; assinado pelo prefeito do Campus do Guamá, João de Castro Filho, à época do mandato de Nilson Pinto na reitoria da UFPA (1989/1993); que em primeiro instante só contaria com a ala leste (raciocinada para Artes Plásticas), teve os aditivos suficientes à sua conclusão porque a Música do terceiro grau carecia urgentemente de espaço adequado — essa identidade técnica foi dada ao interior do edifício pelo arquiteto e professor Jorge Leal Eiró da Silva, no segundo semestre de 1995, tarefa específica outorgada em portaria da diretora do Centro de Letras e Artes, professora Thelma de Carvalho Lobo, com plena aquiescência do autor do projeto no período de acabamento da obra. Eiró, a partir de exigências docentes, discentes e de funcionários, planejou a subdivisão do segundo pavimento da Música, em "cubículos" denominados MASTER CLASSES — a metodologia das adaptações foi pautada nas deliberações das três categorias em assembléias gerais, inclusive da área burocrática que abrigou dois colegiados, o departamento didático-científico e a administração predial.
A inauguração do Ateliê de Arte deu-se em 1997 sem a central de ar que propiciaria o pleno funcionamento dos MASTER CLASSES — idéia onerosa posteriormente abandonada pelo advento da tecnologia SPLIT e fator único da ocupação retardada daquele espaço pelo pessoal da graduação em Música. Esse lugar, remodelado, passou a abrigar experimentações da dinâmica da linguagem musical.
As duas habilitações da hoje sepultada Educação Artística mantiveram-se antes de 1997 graças ao empréstimo de salas de aula: da Educação na Habilitação em Artes Plásticas e da Comunicação na Habilitação em Música. Ou seja: o Ateliê de Arte supriu a precisão da Música e das Artes Visuais — UPGRADE da Habilitação em Artes Plásticas —, portanto, aos dois pertence.
O curso de MUSEOLOGIA, recentemente implantado (mas não implementado) na UFPA com recursos do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais — REUNI —, parece ser o pivô do sobressalto dos professores, alunos e funcionários da Graduação em Música.
A pressão para uma possível saída da Casa da Barbie* vem da direção do instituto ao qual o curso se vincula, o de Ciências da Arte — ICA. A estabanada afirmação de que o Ateliê de Arte fora construído exclusivamente para o ensino das Artes Plásticas é a justificativa dada a essa minoria instada a liberar o bloco que lhe cabe em prol da graduação tecida pela Faculdade de Artes Visuais — FAV.
O ICA aglutinou três linguagens artísticas: artes visuais, música e teatro/dança; estabelecendo a setorização da arte na UFPA.
Música e Teatro/Dança têm escolas técnicas e nível superior em convívio o que não lhes permite, por dispositivo regimental, a nomenclatura de FACULDADES, mas o genérico termo ESCOLAS. Artes Visuais possuem somente o nível superior por isso compõem a FAV.
Teatro/dança figurados como Escola de Teatro e Dança da UFPA — ETDUFPA — construíram passo a passo uma relação harmoniosa na gestação desse escalonamento e bem habitam o complexo da antiga Delegacia Regional do MEC. O nível superior da ETDUFPA nasceu dos anseios dessa escola técnica; ao contrário da Graduação em Música, que surgiu com o propósito estratégico de desmembrar o Departamento de Arte e Comunicação no antigo CLA.
Essa peculiaridade na origem da Graduação em Música perpetua o hiato: o técnico é dissonante do superior e vice-versa.
Os estudantes da Escola de Música da UFPA — EMUFPA —, criada em 1963 à semelhança de um tradicional conservatório, preferem um ponto cental de Belém (hoje localizado na "Casa da Conselheiro"): "eqüidistante" de suas escolas regulares e residências; do mesmo modo os professores da EMUFPA acostumaram-se a lecionar longe da Cidade Universitária. Já o nível superior de Música tem no Campus do Guamá a primazia da vocação das graduações e/ou pós-graduações: entrelaçar os distintos conhecimentos que o habitam. As incongruências se aprofundam nas duas políticas pedagógicas, o que definha o agrupamento docente superior, de menor contingente que o técnico. O casamento arranjado entre as "MÚSICAS" da UFPA deu com os burros n'água causando prejuízo ao pessoal do terceiro grau pois a aniquilação de sua força política os vulnerabiliza diante de qualquer ação impositiva em prol das "maiorias" do sui generis ICA — único instituto que mantém sua administração fora do Campus, fixada na Praça da República desde 2006. A Museologia, mais nova inquilina do Ateliê de Arte, é a caçula que colocará a irmã do meio "no canto", ou, "no olho da rua"; só porque ela se meteu com a pessoa errada. CADÊ A MAMÃE?

Ateliê de Arte da UFPA: vista para a ala oeste. Uma conquista da extinta Educação Artística nas duas habilitações: Artes Plásticas e Música. A aparência do prédio demonstra que casamento sem dote não satisfaz os encargos econômicos do matrimônio.

*Casa da Barbie: Apelido dado ao Ateliê de Arte por causa do lilás. Escolheu-se essa cor pelo critério técnico da complementar já que o amarelo do "captador de vento" fora especificado pelo arquiteto João de Castro Filho, seu imaginador.

3 comentários:

  1. Muito esclarecedora sua postagem. Pelo lado dos professores da "Casa da Conselheiro" gostaria de salientar que existe um fator importante que voce omitiu:a falta de segurança dos menores de 16 no campus do Guamá. Se não houvesse este problema certamente seríamos muitos mais, professores, alunos e técnicos favoráveis à tranferência para o Campus do Guamá. Milton Monte

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  2. Menestrel do Guamá (a procura de um espaço na mídia) disse...
    "O Maneschy, graças à sobriedade do CONSUN da Universidade Federal do Pará, não foi vitimado por um GOLPE à semelhança de 64. Já os professores da graduação em música não têm a mesma sorte e a compreensão do Conselho Universitário: em pleno recesso e interiorização (3º período letivo institucional) eles terão 10 dias, a contar de ontem, para decidir se permanecerão no Campus do Guamá ou abrirão mão do espaço no atelier de arte para a museologia do REUNI.
    O “apressadinho” Afonso Medeiros (sombreado por Lia Braga Interessadíssima no Assunto) quer, como sempre, botar os pés dele pelas mãos dos outros (de preferência com assinaturas), embotando as discussões necessárias ao clima democrático.
    Em reunião na presença do magnífico o fiel escudeiro de Alex Fiúza, agora babão de última hora de Maneschy, quer ratificar o erro de concepção do ICA — instituto que ganhou de presente do ex-amigo.
    Ratificar o que já deveria ter sido retificado pelo CONSUN que não viu a anomalia construída de soslaio propositalmente para a desatenção de conselheiros e câmaras — um compromisso das duas campanhas do reitor passado impossível de ser cumprido sem arranjos indecentes (e continuará troncho com o puxasaquismo desenfreado).
    Agora são as ameaças ao nível superior de música da UFPA que se não aderir à EMUFPA morrerá de fome e de frio.
    Piada, não? O que o REUNI tem a ver com o nível técnico?
    Morrer de fome e frio enquanto a museologia vira estrela? Piada de novo com a Licenciatura em Música; e de muito mau gosto.
    A EMUFPA deveria ter-se IFETIZADO e, a partir daí, construído suas relações de superioridade; o que é possível e gera recursos límpidos, sem necessidade de subterfúgios.
    E a Licenciatura em Música se transformado na Faculdade que deveria ser, mesmo fora do ICA.
    Sem o curso superior é a EMUFPA que perecerá na UFPA.
    Talvez a revisão do Estatuto/Regimento dê um gás a esses moços.
    Faça isso reitor!!!
    Ajude-os antes que o Afonso e a Lia os enterre agonizantes!
    'De sete em sete anos a vida muda, passou disso é gripe' (CHUNDA, 2009)."
    (O comentário acima nos foi enviado pelo e-mail menestreldoguama@gmail.com às 14:30h do dia 28 de julho de 2009)

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  3. Obrigado pelo espaço. Já recebi e-mails como resposta e parece que não fui bastante claro:
    1. O reitor como presidente do Consun deveria rever o Estatuto/Regimento em função do perigo que correm os professores do nível superior no caso específico do ICA.
    2. A quantidade de professores do nível técnico inviabiliza qualquer decisão colegiada do nível superior.
    3. Os professores do nível superior podem até optar pela "Casa da Conselheiro", mas que a eles seja dado tempo aos esclarecimentos necessário à tomada de decisão; no atropelo tudo é caótico e sempre ganha a esperteza e malandragem orquestradas há anos.
    É fácil observar que o nível técnico existe em função do superior na UFPA, senão, vejamos:

    SEÇÃO I DAS UNIDADES ACADÊMICAS
    Art. 30. A Unidade Acadêmica é órgão interdisciplinar que realiza atividades de ensino, pesquisa e extensão, oferecendo cursos regulares de graduação e/ou de pós-graduação que resultem na concessão de diplomas ou certificados acadêmicos.
    Art. 31. São Unidades Acadêmicas:
    I. os Institutos;
    II. os Núcleos.
    Art. 32. Os Institutos são unidades acadêmicas de formação profissional em graduação e pós-graduação, em determinada área do conhecimento, de caráter interdisciplinar, com autonomia acadêmica e administrativa.
    DAS SUBUNIDADES ACADÊMICAS
    Art. 40. A subunidade acadêmica é órgão da Unidade Acadêmica dedicado a curso de formação num campo específico do conhecimento.
    Art. 41. São subunidades acadêmicas:
    I. Nos Institutos:
    a) a Faculdade – subunidade acadêmica integrada por curso de graduação;
    b) a Escola – subunidade acadêmica integrada por curso de graduação e por curso técnico;
    c) o Programa de Pós-Graduação – subunidade acadêmica integrada por curso regular de pós-graduação.

    A pergunta, diante da eterna boçalidade da cúpula do ICA, é:
    Onde estaria a EMUFPA nessa história toda? Sendo eternamente chocada pelo nível superior existente.

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